Descrição

AVISO: O curso Formação de Roteiristas é destinado a todos que buscam uma formação integral acerca da escrita para o audiovisual. O curso passa pelas principais questões narratológicas e aborda produtos de diferentes formatos, como curta-metragem, longa-metragem e séries. Ainda cada um dos participantes desenvolvem um projeto de um produto audiovisual.

A FORMAÇÃO DE ROTEIRISTAS apresenta um itinerário formativo integral para todos interessados em escrever para o audiovisual.

Ao longo das aulas são apresentados tópicos fundamentais para a formação dos participantes, como dramaturgia, história do cinema, teoria narrativa, gramática do roteiro, formatos de produtos, desenvolvimento, preparação para apresentação e caminhos para comercialização do seu projeto.

A Formação de Roteiristas concilia teoria e prática: os alunos são convidados a desenvolverem seus projetos desde o início do curso, passando por etapas de criação coletiva e individual, sempre a luz do conteúdo apresentado, e com supervisão contínua dos professores ao longo de todo o processo.

Todo o conteúdo desenvolvido oferece uma abordagem aprofundada, atualizada e em consonância com as demandas contemporâneas do mercado audiovisual.

OBJETIVOS

• propor uma formação sólida aos interessados em atuarem como roteiristas;
• oferecer conteúdo aprofundado que permitirá a atualização de profissionais que já atuam no mercado;
• instrumentalizar os interessados com repertório técnico e teórico para que desenvolvam uma visão crítica sobre o processo de criação e escrita de projetos;
• proporcionar aos participantes um ambiente de formação colaborativa favorecendo a troca de experiências e os desafios atuais do mercado audiovisual;
• contribuir para a cultura de formação continuada, à luz das contribuições teóricas atuais no campo narrativa, assim como da “epistemologia da prática”.

Professor

Ementa

MÉTODO

A Roteiraria possui método pedagógico próprio para o ensino da escrita para o audiovisual, que está estruturado a partir da exposição de três campos narrativos, desenvolvidos pelo teórico norte-americano David Bordwell, em que se configuram:

• o 1º campo, “representativo”, como aquele que confere significação linear e teleológica a uma estrutura narrativa, privilegiando a unidade de ação da narrativa.
• o 2º campo, “estrutural”, através de elementos que se combinam não-linearmente, fragmentados, para criar uma estrutura narrativa diferenciada, com vistas a verticalizar o caráter dos personagens e a unidade temática;
• e o 3º campo, “apresentativo”, cujo processo narrativo extrapola os limites da representação e problematiza a noção de “real” e “ficcional”, por meio de estruturas e personagens não encontrados nos campos anteriores.

Em cada módulo, os tópicos teóricos são exemplificados com cenas de filmes e séries para consolidar o conhecimento.

Os exercícios de escrita também são propostos a partir das premissas teóricas discutidas e visa a prática consciente da narrativa e da construção de um projeto e roteiro para o audiovisual.

Ainda os alunos têm a oportunidade de ter o projeto desenvolvido ao longo do curso apreciado por uma banca qualificada e conectada com o mercado audiovisual brasileiro.

CONTEÚDO GERAL

ITINERÁRIO TEÓRICO

Módulo I – O 1º campo

O campo mimético, transparente e ilusionista; A permanência da herança grega na narrativa audiovisual; a natureza do drama; as origens remotas do primeiro campo: saga arquetipal, rito de passagem; o monomito e o misbehavior flat; a invenção do drama na Grécia; a moral do drama grego; o ágon; o métron; correção do caráter do negativo para o positivo; tríade de personagens (protagonista, dinâmico e antagonista); o par romântico; o buddy e a correção mútua; a poética e a retórica de Aristóteles; a poética de Horácio; os gêneros clássicos: drama, épico e lírico; o logos clássico; a unidade dramática e a teleologia do drama; a imitação da ação:  mimesis aristotélica e diegésis platônica; o mythos; unidades fundamentais do drama: ação, tempo e espaço; estrutura narrativa: três atos e cinco fábulas; conceito de fábulas e syhuzets; função das fábulas; as syuzhets: beats e windows; o arquiplot, o subplot e o underplot; os sete plots básicos; os gêneros cinematográficos.

Módulo II – O melodrama         

O drama cantado; o divã dos pobres; tragédia decalcada; do epifano para o profano; o misterium tremendus; exacerbação moral do primeiro campo; tipificação do bem e do mal; ênfase no pathos; efeitismo; o romance folhetim; a pulsão da natureza; a narrativa do corpo; physis e o cotidiano do pobre; a força industrial do melodrama; o melodrama na consolidação do cinema clássico; a verdade do coração; o pobre de coração nobre; o herói do rendimento; ethos burguês e mito secular; vida privada e doméstica; peripécias e curva melodramática; a força da opsis; os temas do melodrama; o metamelodrama.

Módulo III – O 2º campo        

Do sagrado para o secular, dos deuses para o homem, do logos para a physis; a imitação da vida; o caráter assume o primeiro plano; as microações e a fragmentação do plot, a preponderância das syuzhets; o campo da opacidade, diegético e anti-ilusionista; o multi-protagonismo; o anti-herói, o herói passivo, o conflito difuso; a curva invertida do anti-herói; a imoralidade do segundo campo; paradoxo; misbehavior round; pathos psicológico e a verticalização do personagem; intimate opponent, unidade temática; a recepção por inferência, recepção ativa; as possibilidades do segundo campo a partir dos deslizamentos do primeiro (referencial); a estrutura no segundo campo; a narrativa parcimoniosa; a stasis; o drama impuro: a fusão dos gêneros clássicos; a cláusula dos estados; a crise do drama: epiciziar e liricizar; a estética e a pluralização de pontos de vista; história e discurso; Marx, inversão dos valores e cosmogonia social; poética normativa e a filosófica.

Módulo V – O 3º campo

O campo sensorial autodiegético; a unidade estética; o apagamento da mimesis; drama não-ficcional; misbehavior skid; a pulverização do plot; o antiplot; o rizoma narrativo; mimesis vs “apresentação”; a amoralidade do terceiro campo; pathos antipsicológico do personagem; o banal supera o real; metonímia e identidades performáticas; paralaxe; o nonsense como intriga de predestinação; esvaziamento do kérigma.

ITINERÁRIO PRÁTICO

Módulo VI – Desenvolvimento do projeto

Organização do processo de criação e escrita; a pesquisa; a construção dos principais documentos do projeto; a ideia, a premissa e os textos fundamentais: tagline, logline, storyline, perfil de personagem, beat sheet, argumento/sinopse, escaleta, roteiro; bíblia de venda e os seus elementos.

Módulo VII – Introdução à estrutura de séries de TV              

Introdução ao design narrativo de séries; a profundidade dos protagonistas; revelações de camadas do caráter a partir do eixo narrativo principal; a lógica de implicação; as tramas e os protagonistas; formatos: antologia, procedural, serializado; o arco narrativo: episódio x temporada; a construção do piloto e sua especificidade.

Módulo VIII – A escrita do roteiro e suas particularidades

Os princípios gerais da escrita do roteiro; o formato master scenes; tópicos de formatação; a construção da cena; as ações dramáticas e a força da rubrica; o estilo de narrar: tom, ritmo, atmosfera; a voz dos personagens e o diálogo, rubricas; questões específicas da escrita audiovisual.

Módulo IX – O mercado

Como o mercado funciona? Caminhos para comercialização do seu projeto: festivais, concursos e players; montagem de portfólio autoral; técnicas de apresentação do seu projeto: erros e acertos.

Módulo X – Banca

Apresentação do projeto para uma banca compostas pelos professores e convidados.

BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA     

AGAMBEN, Giorgio. A aventura.

ARISTÓTELES. Poética.

AUMONT, Jacques. O cinema e a Encenação.

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CARVALHO, Noel dos Santos (org.) Cinema negro brasileiro.

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DANCYGER, Ken et alii. Alternative Scriptwriting.

DELEUZE, Gilles. Cinema 1 – A imagem-movimento.

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DESBOIS, Laurent. A odisseia do cinema brasileiro.

DIDEROT, Denis. Discurso sobre a Poesia Dramática.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Diante da imagem.

DOUGLAS, Pamela. Writing the TV Drama Series.

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FLUDERNIK, Monika. Narratology.

GENETTE, Gérard. Figuras III.

GAUDREAULT, André e MARION, Philippe. O fim do cinema?

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KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade de Julgar.

KOVÁCS, András Bálint. Screening Modernism.

LAWSON, John Howard. Theory and Technique of Playwriting and Screenwriting.

LEHMANN, Hans-Thies. Teatro Pós-Dramático.

LESKY, Albin. O Teatro Grego.

MENDES, João Maria. Culturas Narrativas Dominantes: o caso do cinema.

MENDES, João Maria. Por quê tantas histórias?

MITTEL, Jason. The Complex Tv: the poetics of Contemporary Television Storytelling.

MURPHY, J.J. Rewriting Indie Cinema.

OROZ, Silvia. O Cinema de Lágrimas da América Latina.

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RICOEUR, Paul. Tempo e Narrativa, v. 3.

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ROSENFELD, Anatol. O Teatro Épico.

SONTAG, Susan. Contra a interpretação.

SHOHAT, Ella. e STAM, Robert. Crítica da imagem eurocêntrica.

STEINER, George. A Morte da Tragédia.

SZONDI, Peter. Teoria do Drama Burguês.

SZONDI, Peter. Teoria do Drama Moderno.

TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o Tempo.

VAN SIJLL, Jeniffer. Narrativa Cinematográfica.

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VINCENT-BUFFAULT, Anne. História das Lágrimas.

WILLIAMS, Raymond. Tragédia Moderna.

XAVIER, Ismail. O Discurso Cinematográfico: a opacidade e a transparência.