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Mito, Personagem e Pensamento nas Narrativas

Curso

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Mito, Personagem e Pensamento nas Narrativas

Início:
28/05/2024
Categorias:
Valor:
Parcelado: 10x de R$42,00*10% de desconto
À vista: R$378,00

Descrição

Todo drama narra um processo de transformação de uma personagem, ou de um ambiente, ou de uma situação. Esta transformação normalmente se dá quando um desafio se impõe à personagem principal da obra, e este desafio pode ser de natureza física (material), ética (comportamental), ou psíquica (mental), e pode ainda combinar essas possibilidades entre si. Quando a personagem é convidada, através de uma dada situação, a enfrentar esse desafio, ela terá que fazer escolhas sobre suas ações, e é esta capacidade de escolher que impulsiona o conflito (agón) para frente na história. E os resultados de suas escolhas geram as novas figuras do conflito, agravando-o ou dissolvendo-o.

Se por um lado, há aquelas narrativas em que o foco do conflito se concentra nas ações da personagem, ou seja, naquilo que ela precisa fazer ou no que lhe acontece, há também aquelas em que nossa atenção é direcionada para o modo como a personagem responde às situações que lhe acontecem, isto é, seu comportamento, ou ainda, aos porquês de reagir de tal ou tal maneira, ou seja, seu modo de pensar e raciocinar.

No primeiro caso, é a ação que conduz a história; no segundo, a ênfase maior é no caráter; no terceiro, o que mais importa é o pensamento que motiva aquelas escolhas. Embora muitas narrativas tenham sua centralidade em apenas um desses aspectos, é raro histórias que não possuam essas três camadas de informação agindo concomitantemente.

O curso “Mito, Personagem e Pensamento nas Narrativas” visa fazer uma investigação acerca das diferentes maneiras, ao longo da história das narrativas ocidentais, de abordar a trama [mýthos] e seus elementos constituintes (como a estrutura em atos, os acontecimentos, as peripécias, o reconhecimento, a comoção emocional, o enlace, o desenlace), a personagem [eéthos] e suas qualificações (como a disposição do caráter, o misbehavior, o comportamento, as escolhas, ações e reações) e os pensamentos [dianoías] trazidos pelos diálogos, monólogos ou solilóquios da obra, bem como pelo encadeamento lógico dos acontecimentos na(s) trama(s).

Ao passo em que investigamos estes três elementos centrais do drama ao longo da história, refletiremos também sobre como estes mesmos elementos sofreram suas graves transformações no decorrer dos tempos, comparando esses materiais com as narrativas cinematográficas da era contemporânea.

Os estudantes serão desafiados e convidados a construir e desenvolver, ao longo do curso, uma narrativa com começo, meio e fim, com um conflito e uma transformação claros para ao menos um protagonista por história.

 

OBJETIVOS

  • Introduzir aos estudantes os conceitos básicos para a criação de estruturas narrativas (como atos, fábulas e syuzheths), bem como para criação de personagens (como misbehavior, conflito, persona, metáfora, etc.);
  • Que o(a) estudante aprenda a estruturar com consciência um percurso narrativo coerente, que seja capaz de desenvolver uma ideia, ou defender pontos de vista, ou ainda problematizar questões, mesmo que sem uma conclusão clara, mas que possam gerar reflexões pertinentes sobre um dado campo temático, através da elaboração de sofisticados discursos por meio da poesia dramática;
  • Aprimorar a capacidade discursiva dos estudantes em suas criações dramáticas, através do estudo do “pensamento” (diánoia) como um dos elementos centrais da dramaturgia, em seu entrelaçamento indissociável com o “mito” (enquanto cadeia discursiva dos acontecimentos) e com a “personagem” (não só em suas interações dialógicas, como também na cadeia de reconhecimentos e na consequencialidade de suas ações).
  • Exercitar o olhar crítico no consumo e na criação da obra dramática.
  • Desvendar, refletir, questionar acerca dos paradigmas narrativos, sobretudo, no que diz respeito às diferentes abordagens dos diversos tipos de heróis em seus diferentes tipos de jornadas.
  • Reconhecer diferentes metodologias e entendimentos sobre a construção da peça dramática, com inclusão ou não de outros registros narrativos (como o registro épico e o lírico).
  • Propor ferramentas e práticas que possam auxiliar os estudantes a eleger critérios de determinação do mito e das personagens da obra, a fim de, com isto, poderem fazer as perguntas certas sobre seu mito e seu propósito, escolhendo, com consciência, as melhores estratégias para narrar sua história.

Professores

Ementa

MÉTODO

Aulas online semanais, sendo cada uma delas dividida em três momentos, a saber:

  1. exposição teórica;
    2. exercícios de criação dramática (aplicação prática dos conceitos)
    3. breve exposição dos desenvolvimentos, com espaço para feedbacks e trocas entre os participantes;

 

CONTEÚDO

Aula 1 – OS ELEMENTOS E A ESTRUTURA DO DRAMA:

Teoria:

  • Os alicerces de um conflito (agón) para o desenvolvimento de um conteúdo dramático;
  • Os elementos da poesia dramática, segundo Aristóteles (mito, personagem, pensamento, elocução, melopéia e espetáculo);
  • Erro trágico (hamartía), desmedida (hýbris), catástrofe (katastropheé) e catarse (kátharsis) na tragédia grega;
  • Teleologia na filosofia aristotélica e sua aplicação na tragédia grega;
  • Os tipos de reconhecimento (anagnoórisis) na peça dramática;
  • Os tipos de tragédia;
  • O protagonismo, o antagonismo e a estrutura da jornada em 3 Atos;
  • Produção de discursos na tragédia grega: a sintaxe pragmática e as figuras de linguagem na dramaturgia.

Prática:

  • Elaboração de um mito trágico com 3 atos
  • Reflexões sobre os discursos decorrentes dessa estrutura

Aula 2 – O PROTAGONISTA E AS NUANCES DA JORNADA:

Teoria:

  • A atualização dos conceitos aristotélicos para a Nova Comédia Ática (Teofrasto e Menandro);
  • A continuidade da poética aristotélica na comédia romana (Plauto e Terêncio);
  • Atualização histórica do caráter nas comédias: deslocamento do conflito de natureza política (a sátira grega) para a esfera privada (novas comédias ática e romana);
  • O aprendizado moral obtido através da jornada do/a herói/heroína no contexto das ações na vida privada;
  • A poética de Horácio Flaco e a consolidação da estrutura em 5 atos: apresentação, preparação, ponto médio, queda e conclusão.

Prática:

  • Elaboração de personagem (misbehavior, desejo, objetivo e conflito) para trama com 5 atos
  • Elaboração rasa de uma trama com 5 atos, com jornada de aprendizado do protagonista

 

Aula 3 – O PODER DO CONFLITO INTERNO:

Teoria:

  • O livre-arbítrio na modernidade burguesa: as camadas psicológicas ganham profundidade;
  • O deslocamento da determinação divina (moira) para a autodeterminação (livre-arbítrio) da personagem na era moderna;
  • A abordagem da fragilidade psíquica dos/as heróis/heroínas nas peças de Shakespeare;
  • A estrutura dos 5 atos complexificada: novas camadas de conflito e as novas possibilidades de discurso na poética dramática, através do uso das personagens secundárias.

Prática:

  • Elaboração do caráter em múltiplas camadas discursivas, ou com mais de uma linha de ação (plot)
  • Sofisticação dos antagonismos e das forças antagônicas
  • Complexificação da estrutura em 5 atos: acrescentando outras perspectivas a um mesmo assunto (tema ou personagem)

 

Aula 4 – A DISCURSIVIDADE CRÍTICA NO DRAMA:

Teoria:

  • O drama sério burguês e os temas emergentes no antropocentrismo burguês;
  • As problemáticas sociais no drama sério burguês;
  • A potência da crítica na discursividade do drama moderno;
  • O teatro interpretativo;
  • Crítica ao discurso (conteúdo) e à estrutura (forma) do drama tradicional pelo novo drama moderno;
  • Atualização de hibridismos, como a epicização e a liricização, na peça dramática;
  • Pensamento (diánoia) na discursividade poética trazido pelo contexto e pelo subtexto;
  • Criação de vozes dissonantes para a elaboração de uma crítica;
  • Dialética na elaboração do discurso social por meio do drama, em Henrik Ibsen.

Prática:

  • Elaborar uma trama com múltiplos personagens envolvidos

OU

  • Elaborar múltiplas tramas (cada uma com um protagonista diferente), a fim de construir um discurso através de oposições e contrastes de perspectivas

 

Aula 5 – EXPLORANDO AS FRAGILIDADES DO PROTAGONISTA:

Teoria:

  • A psicologia como ciência, e sua influência na criação das personagens modernas;
  • Backstory (história pregressa) do protagonista, e seu potencial discursivo;
  • O interesse crescente por personagens frágeis ou fracassadas;
  • A narração de conflitos de interesses e perspectivas entre personagens, por meios dos diálogos;
  • A estrutura de 4 Atos em Anton Tchekhov.

Prática:

  • Elaboração de uma trama capaz de tecer uma crítica por meio de:
    (i) contraste de perspectivas (múltiplos protagonistas)
    (ii) contradições internas (um protagonista com mais de uma “linha de ação”)
    (iii) o fracasso de uma determinada linha de ação do protagonista

Aula 6 – DESCONSTRUINDO A NARRATIVA:

Teoria:

  • O desgaste dos velhos mecanismos narrativos;
  • Nem o teatro representativo tradicional, nem o teatro interpretativo moderno: nasce a narrativa apresentativa pós-dramática;
  • Personagens que não aprendem, nem se desenvolvem, mas cujas jornadas nos abrem novas portas para percepção da realidade;
  • Personagens nomádicos, erráticos, errantes;
  • A experiência estética para além de uma história com começo, meio e fim;
  • A crítica radical da estrutura em suas diversas formas, e seu fundamento teórico nas filosofias pós-estruturalistas;
  • A superação do mito, e a ausência ou indeterminidade do conflito;
  • Problematização ou impossibilidade do discurso (lógos);
  • A metáfora cede espaço à metonímia, e a interpretação dá lugar à fruição e experimentação;
  • O ser humano contra o nonsense, contra o absurdo ou contra o vazio da existência.

Prática:

  • Elaboração de uma narrativa apresentativa pós-dramática;
  • Elaboração estética dos conceitos, OU elaboração conceitual da narrativa através de “figurações” sonoras e/ou visuais;

 

BIBLIOGRAFIA DE APOIO: 

Peças:

1a Aula

  • “Antígona” (Sófocles)
  • “Édipo Rei” (Sófocles)
  • “Medeia” (Eurípedes)
  • “Bacantes” (Eurípedes)

2a Aula

  • “Aulularia” (Plauto)
  • “Os Adelfos” (Terêncio)

3a Aula

  • “Hamlet” (William Shakespeare)
  • “Júlio César” (William Shakespeare)
  • “Macbeth” (William Shakespeare)
  • “Otelo – O Mouro de Veneza” (William Shakespeare)
  • “Romeu e Julieta” (William Shakespeare)

4a Aula

  • “Antony” (Alexandre Dumas)
  • “Casa de Bonecas” (Henrik Ibsen)
  • “O Inimigo do Povo” (Henrik Ibsen)

5a Aula

  • “A Gaivota” (Anton Tchekhov)
  • “As Três Irmãs” (Anton Tchekhov)

6a Aula

  • “Ubu Rei” (Alfred Jarry)
  • “A Cantora Careca” (Eugène Ionesco)
  • “Rinoceronte” (Eugène Ionesco)
  • “Esperando Godot” (Samuel Beckett)
  • “Seis Personagens à Procura de um Autor” (Luigi Pirandello)
  • “Entre Quatro Paredes” (Jean-Paul Sartre)

 

Teoria:

  • “Arte Retórica” (Aristóteles)
  • “Poética” (Aristóteles)
  • “Ética a Nicômaco” (Aristóteles)
  • “Os Caracteres” (Teofrasto)
  • “A Arte Poética” (Horacio Flaco)
  • “Cursos de Estética” ( II e IV, G. W. F. Hegel)
  • “Mil Platôs” (Gilles Deleuze / Felix Guattari)
  • “O Anti-Édipo: Capitalismo e Esquizofrenia” (Gilles Deleuze / Feliz Guattari)
  • “Gramatologia” (Jacques Derrida)
  • “A Filosofia na Era Trágica dos Gregos” (Friedrich Nietzsche)
  • “A Visão Dionisíaca do Mundo” (Friedrich Nietzsche)
  • “Genealogia da Moral” (Friedrich Nietzsche)
  • “O Nascimento da Tragédia” (Friedrich Nietzsche)
  • “Culturas Narrativas Dominantes” (João Maria Mendes)
  • “O Discurso Cinematográfico – A Opacidade e a Transparência” (Ismail Xavier)
  • Screening Modernism: European Art Cinema, 1950-1980” (András Bálint Kovács)
  • Narration in the Fiction Film” (David Bordwell)
  • Into The Woods: How Stories Work and Why We Tell Them” (John Yorke)
  • Story and Discourse: Narrative Structure in Fiction and Film” (Seymour Chatman)

*A realização do curso está sujeita a quórum.

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