Descrição

APRESENTAÇÃO

A explosão recente dos podcasts e seus respectivos “canais de cortes” provou que o público brasileiro continua ávido consumidor de entrevistas — mas também trouxe a falsa impressão que basta ligar as câmeras e microfones e “deixar o papo fluir”. Nada mais longe da verdade, como qualquer um que ouvir na íntegra um programa arrastado de duas horas e meia vai concordar.

O fato é que a entrevista segue sendo o elemento base do entretenimento de não-ficção, seja ele no formato talk show, programa de auditório, podcast ou reality. Saber roteirizar uma conversa para que se torne uma atração capaz de divertir, informar e cativar o público exige uma técnica bastante particular, sempre em demanda, porém raramente sistematizada. A maioria dos roteiristas da área é obrigada a “aprender fazendo”, sem a chance de pensar e praticar o formato previamente — até agora.

OBJETIVO

A ideia do curso é criar um espaço seguro para que roteiristas se familiarizem e pratiquem a técnica de roteirizar entrevistas para programas de não-ficção. Partindo da experiência prática dos professores, ambos com mais de uma década de bagagem na área, os alunos explorarão quatro gêneros populares em que a entrevista tem um papel central (Talk shows, programas de auditório, podcasts e reality shows), mergulhando em suas semelhanças e peculiaridades.

Professores

Ementa

MÉTODO

Em formato de workshops, as aulas privilegiam a prática, trabalhando com os alunos como uma sala de roteiro. Após a análise de formatos e programas clássicos, a turma irá dissecar um programa de cada gênero para encontrar seu roteiro, e a partir dessa descoberta criar um novo programa fictício, completo com pauta da entrevista, quadros para convidados, monólogos e todos os elementos necessários. Por tentativa e erro, vão se explicando e solidificando os conceitos que trarão aos alunos segurança para trabalhar em projetos do gênero no futuro. Sempre que possível, os professores trarão convidados profissionais da área e roteiros reais de programas brasileiros para enriquecer a experiência.

CONTEÚDO

Aula 01
O que é, afinal, uma boa entrevista?

Encontro introdutório em que alcança-se com a turma um entendimento coletivo sobre o que é (ou, mais precisamente, o que pode ser) uma boa entrevista, tanto no contexto jornalístico como no entretenimento. Análise de entrevistas históricas, em diferentes formatos, para identificar elementos que as tornaram memoráveis. Abordagem de conceitos básicos (ineditismo, espontaneidade, pré-entrevista, como lidar com a agenda própria do entrevistado, técnicas para “quebrar o gelo” etc.) com base em materiais de Barbara Walters, Thais Oyama, Dick Cavett e outros entrevistadores renomados. Discussão sobre o papel do roteirista na pesquisa, criação da pauta e adaptação da mesma ao estilo e pontos fortes do(a) entrevistador(a), em função do resultado final.

Aula 02
Entendendo o talk show
Introdução à história do formato, de Steven Allen a Jojo Toddynho, passando por David Letterman, Moacyr Franco, Arsenio Hall e Jô Soares, entre outros. Análise detalhada de um late night tradicional, fazendo a engenharia reversa do espelho de um programa de uma hora. Familiarização com exemplos reais de roteiros brasileiros. Discussão da função dos elementos básicos do gênero (banda, sidekick, monólogo, quadros, esquetes etc.) e como se adaptam ao tom e à persona dos apresentadores.

Aula 03
Fazendo o talk show
Partindo para a prática, cria-se um Talk show imaginário com host, banda, sidekick e convidados, e a turma é dividida em grupos para trabalhar o roteiro dos elementos do programa: pequeno monólogo, um quadro de mesa, entrevista com o convidado, ação com o convidado, esquete ou quadro final. Ao fim do encontro, “table read” do mini-programa escrito.

Aula 04
Entendendo o programa de auditório
Introdução à história do formato, de Ed Sullivan a Luciano Huck, passando por Hebe, Chacrinha, Pânico na TV, Rodrigo Faro e outros. Análise detalhada de um programa de auditório, fazendo a engenharia reversa do espelho de um episódio de uma hora. Familiarização com exemplos reais de roteiros brasileiros. Discussão da função dos elementos básicos do gênero (VTs, quadros, interação com o público, clímax emocional etc.), e como se adaptam ao tom e à persona dos apresentadores.

Aula 05
Fazendo o programa de auditório
Participação de convidados da área de produção/direção de programas de auditórios brasileiros respondendo dúvidas e curiosidades sobre o papel do roteiro em sua função, com foco em como a realidade de um show diário se reflete no trabalho (prazos, limitações de produção, flexibilidade para alterações etc). Elaboração de um programa de auditório fictício e seu espelho de atrações, baseado no modelo do encontro anterior, e divisão da turma em grupos para preparação do roteiro, incluindo cabeças do apresentador, ideias de quadro, pauta de entrevista de pé, todos com o desafio extra de imprevistos sorteados na hora.

Aula 06
Entendendo o podcast

Análise de exemplos de sucesso nacionais e internacionais de podcasts centrados em entrevistas, identificando elementos de formato e sua relação com uma dupla audiência – a dos assinantes e dos “consumidores de cortes”. Exploração das diferenças em relação à TV que fizeram o sucesso contemporâneo do formato. Análise detalhada de um podcast de entrevistas, fazendo a engenharia reversa do roteiro de um episódio de uma hora. Familiarização com exemplos reais de roteiros brasileiros. Discussão sobre o papel do roteiro para manter um formato longo e basicamente estático interessante, sem engessá-lo, e como identificar o “ouro” das redes sociais.

Aula 07
Fazendo o podcast
Com base no roteiro de um podcast discutido na aula anterior, criação conjunta de um conceito de podcast de entrevista, criado sob encomenda para um apresentador e convidados hipotéticos. Divisão da sala em grupos de pesquisa, criação de quadros, e gravação de um episódio piloto de meia hora.

Aula 08
Introdução ao reality show
Exploração, baseada em diversos exemplos de diferentes gêneros de reality (confinamento, resistência, musical, culinário etc.), do uso de entrevistas como forma de contar (ou encontrar) histórias num contexto supostamente “sem roteiro”. Participação de convidados da área para explicar técnicas de criação de roteiro baseadas em centenas de horas de material já gravado, e como as narrativas que surgem na ilha de edição influenciam o que ainda vai ser gravado. Elaboração em conjunto de uma prova inédita para um reality preexistente, baseada num contexto predeterminado de participantes. Criação do texto para as cabeças do apresentador, incluindo perguntas que explorem de forma eficiente os conflitos preexistentes.